Desde o final de 2022, Márcia Fabiano Neves e Marise Dinis, cofundadoras do ajuntamento Mulheres em Dança, se dedicam a conhecer, de forma mais profunda, o legado de Zuzu Angel e vislumbram a sua atuação profissional e sociopolítica como um corajoso posicionamento pela proteção da vida e tutela do bem comum. O solo de dança Quem é essa mulher? Foi concebido como um gesto de reverência à estilista e designer de moda que, além de se destacar dentro e fora do Brasil por seu trabalho e competência, nos anos 1970 teve importante papel no enfrentamento à ditadura civil-militar no Brasil.
Nascida na cidade de Curvelo, Zuzu Angel é sinônimo de elegância, talento, originalidade e rigor; bem como de destemor, irreverência e ousadia. Sua determinação em denunciar a arbitrária prisão, tortura e assassinato de seu filho e a maneira como fez isso revelam bem mais que sua obstinação, sensibilidade e inteligência. A comovente e insubordinada luta de Zuzu se alinha à disposição de mulheres conhecidas e desconhecidas que, em diferentes contextos e enfrentando os mais diversos obstáculos, se tornam agentes fundamentais para a construção de uma sociedade mais amorosa e justa.
Inspirado na história de vida de Zuzu Angel, o processo de criação de Quem é essa mulher? se funda em estudos no âmbito da improvisação estruturada e conta com uma elaboração dramatúrgica que se filia ao cultivo da sororidade, à valorização da mulher e à denúncia de violências e preconceitos.
A montagem contou com recursos da LPG/2023 que permitiram que profissionais dedicadas e comprometidas se juntassem às dançarinas Márcia Fabiano Neves e à diretora Marise Dinis, compondo uma equipe feminina que assumiu funções fundamentais, como: a criação e confecção de figurino, composição de trilha sonora original, concepção de ambientação cênica, criação de imagem e produção.
Após a estreia em Curvelo, tem-se a expectativa de que o solo circule em mostras, festivais e nos mais diversos eventos, em BH e outras cidades de Minas Gerais e do Brasil.
Para conhecer um pouco mais sobre a proposta, visite: https://www.instagram.com/mulheresemdanca/
Minibiografia – Márcia Fabiano Neves/ dançarina criadora
Márcia Fabiano Neves é dançarina criadora e professora de dança e movimento, há mais de 30 anos. Desde 2017, exerce a função de coordenadora da área de Dança da Escola Livre de Artes Arena da Cultura/PBH. Sua formação abarca cursos no Brasil, Itália e Estados Unidos e reúne experiências no âmbito do jazz, dança clássica, moderna, contemporânea, educação somática, capoeira. Tem trabalhos autorais produzidos individualmente e em colaboração com artistas interessadas/os/es em investigar abordagens técnicas e estéticas mais transversais no exercício da criação cênica. Foi cofundadora do Vis Grupo de Dança e da Plataforma MULTIDANÇAS. Em 2018, participou da cofundação do Projeto Em PlaylistA, voltado para a prática da improvisação e composição em tempo real, a partir de questões que se entrelaçam à condição de ser mulher e à noção de “feminino” na atualidade. Em 2021, foi assistente de direção do solo Ruídos, de Andrea Anhaia, trabalhando ao lado da diretora Maria Paula Costa Rego. Em 2022, a reestruturação de Em PlaylistA deu vida ao ajuntamento Mulheres em Dança, espaço onde Márcia Fabiano Neves segue se dedicando à partilha com outras mulheres artistas, a investigações no âmbito da improvisação e ao engendramento de dramaturgias em dança de viés feminino e feminista. Em 2024, participou do 4º Fórum de Criação, ao lado de Irene Ziviani, Marise Dinis e Scheylla Bacellar, em proposta que gerou a criação do vídeo Corpoesia.
Minibiografia – Marise Dinis/ diretora
Marise Dinis é artista da dança, professora de dança, diretora artística e coreógrafa, com formação em cursos livres em Belo Horizonte e outras cidades do Brasil e da Europa. Iniciou seus estudos de dança, em 1983, no Ballet Nahra Azevedo e no 1º Ato Centro de Dança com aulas de jazz, dança moderna e dança clássica. De 1990 a 2001, integrou os grupos Camaleão, Meia Ponta e 1º Ato, tendo, neste último, atuado por 8 anos, participando ativamente da criação dos espetáculos: Tigarigari, Desiderium, Beijo nos olhos…na alma…na carne, A Breve Interrupção do Fim. De 2002 a 2004, viveu na Alemanha e pesquisou, em vários países da Europa, diferentes abordagens na dança contemporânea e improvisação (Katie Duck, Fin Walker, Pierre Droulers, Hisako Horikawa, Felix Ruckert). Em 2004, retornou ao Brasil e trabalhou como assistente de direção e professora de dança contemporânea da Cia. Palácio das Artes; como bailarina junto à Benvinda Cia de Dança; e iniciou seu trabalho solo como intérprete criadora focado na dança contemporânea e improvisação.